Subsecretário investigado por desvios na Saúde testa negativo para Covid-19; MP afirma que ele é considerado foragido

Subsecretário investigado por desvios na Saúde testa negativo para Covid-19; MP afirma que ele é considerado foragido

Por Brenda Ortiz, G1 DF

Iohan Andrade Struck — Foto: TV Globo/Reprodução

Iohan Andrade Struck — Foto: TV Globo/Reprodução

O subsecretário afastado de Administração Geral da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Iohan Andrade Struck, testou negativo para o novo coronavírus e, segundo o Ministério Público do DF (MPDFT), é considerado foragido.

Ele é um dos alvos da operação Falso Negativo, deflagrada na semana passada e que investiga suposto desvio na compra de testes rápidos para Covid-19. Cinco gestores do primeiro escalão da SES-DF, inclusive o secretário de Saúde, Francisco Araújo, estão presos preventivamente (relembre abaixo).

Há um mandado de prisão contra Iohan Struck, mas, desde a semana passada ele não foi encontrado pelos investigadores. Os advogados do subsecretário afirmavam que ele estava em isolamento com sintomas do novo coronavírus. Mesmo após o resultado negativo, a defesa diz que não há previsão de quando ele se apresentará às autoridades.

Segundo o advogado Alexandre Adjafre, Struck “apresenta um estado de saúde debilitado e ainda está se recuperando”. Em nota, a defesa questiona o resultado do exame e afirma que ele tem recomendações médicas para continuar em isolamento até a completa recuperação (veja íntegra ao fim da reportagem).

“Certo que testes de laboratório sofrem diversas influências de estados fisiológicos, patológicos, uso de medicamentos etc. Daí porque é possível (e não tão raro) resultado apresentar falso-positivo ou falso-negativo.”

Operação Falso Negativo

Secretário de Saúde do DF afastado dorme em presídio especial
Secretário de Saúde do DF afastado dorme em presídio especial

A operação Falso Negativo investiga supostas irregularidades em dois contratos para compra de testes para detecção da Covid-19. A Justiça expediu mandados de prisão contra sete integrantes da cúpula da Secretaria de Saúde. São eles:

  • Francisco Araújo – secretário de Saúde do DF
  • Ricardo Tavares Mendes – ex-secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF
  • Eduardo Hage Carmo – subsecretário de Vigilância à Saúde do DF
  • Eduardo Seara Machado Pojo do Rego – secretário adjunto de Gestão em Saúde do DF
  • Iohan Andrade Struck – subsecretário afastado de Administração Geral da SES-DF
  • Jorge Antônio Chamon Júnior – diretor do Laboratório Central do DF
  • Ramon Santana Lopes Azevedo – assessor especial da Secretaria de Saúde do DF

Segundo o MP, eles são suspeitos de integrar uma suposta organização criminosa que direcionou e superfaturou a compra dos testes. Os investigadores afirmam que, nos dois contratos analisados, foi identificado superfaturamento. Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 18 milhões.

Os crimes em investigação são de fraude à licitação, lavagem de dinheiro, organização criminosa, além da prática de corrupção ativa e passiva. O caso ainda pode ser caracterizado como cartel. Os gestores negam irregularidades nos processos de compra.

Soltura e transferência

Eduardo Hage, ex-subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal — Foto: Acervo/TV Globo

Eduardo Hage, ex-subsecretário de Vigilância à Saúde do Distrito Federal — Foto: Acervo/TV Globo

Entre os detidos, o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Eduardo Hage Carmo foi o único que teve um pedido de habeas corpus aceito pelo Superior Tribunal de Justiça.

Mesmo em liberdade, Hage deve cumprir uma série de determinações da Justiça, como manter distância da Secretaria de Saúde e não fazer contato com outros suspeitos ou com servidores da pasta.

Os demais presos recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os pedidos serão analisados pela ministra Cármen Lúcia.

Na segunda-feira (31), dois policiais civis foram detidos por suspeita de favorecimento a Eduardo Seara Machado Pojo do Rego, secretário-adjunto afastado de Gestão em Saúde do DF. Segundo as investigações, ele recebeu visitas indevidas da mãe e de um amigo enquanto preso. Por regra, detentos só podem ser visitados por advogados. A defesa dele nega irregularidades.

Secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, em coletiva de imprensa — Foto: Renato Alves/Agência Brasília

Secretário de Saúde do Distrito Federal, Francisco Araújo, em coletiva de imprensa — Foto: Renato Alves/Agência Brasília

No mesmo dia, os cinco detidos, que estavam na sede da Polícia Civil, foram transferidos para o Complexo da Papuda. Na terça (1º), o secretário afastado Francisco Araújo foi levado para o 19º Batalhão da Polícia Militar, conhecido como “Papudinha”. Ele tem direito a prisão especial por ser secretário de Estado.

Nota da defesa de Struck

“Atualmente Iohan ainda encontra-se em recuperação, mas com estado de saúde melhorando a cada dia. Certo que testes de laboratório sofrem diversas influências de estados fisiológicos, patológicos, uso de medicamentos etc. Daí porque é possível (e não tão raro) resultado apresentar falso-positivo ou falso-negativo. Assim sendo, estando ele ainda com alguns dos sintomas, como tosse e ainda um pouco de dificuldade para respirar, e já que teve histórico de contato próximo com indivíduos com casos confirmados, certo que o recomendado por orientação médica é que ele ainda continue isolado até completa recuperação.

Adv.: Alexandre Adjafre”

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