Pesquisadores da Unifal-MG investigam componentes da vacina BCG no combate ao novo coronavírus

Pesquisadores da Unifal-MG investigam componentes da vacina BCG no combate ao novo coronavírus

Por Lara Silva, G1 Sul de Minas

Pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas (MG) estão investigando os componentes do novo coronavírus associados à vacina BCG. A pesquisa busca criar uma fórmula para aumentar a capacidade do sistema imunológico para combater a doença. O projeto foi contemplado com R$150 mil para seu desenvolvimento.

A pesquisa será feita várias etapas. A primeira delas é identificar quais componentes do vírus são capazes de estimular a resposta imune por análises de bioinformática. Em seguida, esses componentes serão testados em células humanas e animais. Depois disso, serão realizados os testes em camundongos, para então saber se há a possibilidade de ser utilizada em humanos.

Estudos mostram que a vacina BCG vai muito além de uma vacina que protege crianças contra tuberculose e que controla outros processos infecciosos. Por isso, os professores da Unifal vêm pesquisando a utilização da vacina em outras doenças.

Pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas investigam os componentes do novo coronavírus associados à vacina BCG.  — Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Augusto de Almeida

Pesquisadores da Universidade Federal de Alfenas investigam os componentes do novo coronavírus associados à vacina BCG. — Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Augusto de Almeida

Com a chegada da pandemia, os pesquisadores deram início à uma análise epidemiológica baseada na vacina BCG. Eles perceberam que, um grupo de pessoas vacinadas contra a bactéria, tinha redução de morbidade e mortalidade, causadas pela Covid-19.

“Foi a partir disso que demos início à nossa pesquisa. Nós nos baseamos nas questões que já conhecemos da BCG, como possível treinadora da nossa resposta imunológica e associamos com pedaços do novo coronavírus, mas de uma forma bem racional”, explicou o coordenador do projeto, o professor e pesquisador, Leonardo Augusto de Almeida.

Segundo o coordenador do projeto, a identificação dos componentes será feita por meio da vacinologia reversa, uma técnica que permite identificar de forma mais racional o que é mais imunogênico no vírus, com auxílio de técnicas de informática associadas a biologia.

De acordo com Leonardo, ainda não é possível afirmar que pessoas vacinadas com BCG possuem menos risco de contrair o novo coronavírus.

“É uma análise observacional, que ainda não há nada muito provado. A gente percebe que tem várias opiniões sobre isso, mas eu espero que até o final do ano a gente consiga ter essa resposta”, explicou.

Projeto é coordenado pelo professor e pesquisador da Unifal, Leonardo Augusto de Almeida. — Foto: Arquivo Pessoal/Leonardo Augusto de Almeida

A previsão é que a pesquisa tenha duração de um ano. Ainda de acordo com o pesquisador, neste primeiro momento não há a intenção de desenvolver uma vacina, mas sim de auxiliar as células a serem mais eficientes. Entretanto, caso os resultados sejam positivos, a hipótese não será descartada.

“Pesquisadores de vários cantos do mundo publicaram durante a pandemia que, devido emergência da Covid-19, alguns ensaios de análise de eficácia da BCG poderiam ser realizados. Ou seja, eles acreditam que se você estimular o seu sistema imune, isto talvez te proteja de algo, mesmo que não seja exatamente contra aquele agente infeccioso. Então, se for comprovada nossa ideia de imunoestimular nosso sistema imunológico, pode ser que isto vire uma formulação, que auxilie também em uma possível vacina e, quem sabe, virar uma vacina, mas isso tudo depende dos resultados que a gente vai ter em modelo animal”.

A equipe é composta pelo coordenador e estudantes da Universidade Federal de Alfenas. Além de contar com o apoio do Instituto Adolfo Lutz de São Paulo (SP), da Universidade Federal de São João Del Rei e da Unifenas. Segundo o pesquisador, a expectativa é a melhor possível.

“Eu falo que o interessante das pesquisas não é nem chegar ao produto final e poder dizer que acabou. Mas sim, a necessidade de você entender melhor sobre determinado assunto. Então, a minha expectativa é que a gente faça um trabalho de ponta, entendendo bem e de forma racional como chegamos àquele produto final”, finalizou.

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