No aniversário de 14 anos da Lei Maria da Penha, mulheres do DF protestam contra feminicídio

No aniversário de 14 anos da Lei Maria da Penha, mulheres do DF protestam contra feminicídio

Por G1 DF e TV Globo

Instituto 'Mulheres Feminicídio Não' realiza manifestação em Ceilândia, DF, em referência aos 14 anos da Lei Maria da Penha — Foto: Arquivo pessoal

Instituto ‘Mulheres Feminicídio Não’ realiza manifestação em Ceilândia, DF, em referência aos 14 anos da Lei Maria da Penha — Foto: Arquivo pessoal

No dia em que a Lei Maria da Penha completa 14 anos, nesta sexta-feira (7), o Instituto Mulheres Feminicídio Não realizou manifestações em três regiões do Distrito Federal. O objetivo é chamar a atenção para a importância da denúncia dos casos de violência doméstica.

Os atos ocorreram em Ceilândia, Santa Maria e Águas Claras, onde houve os casos mais recentes de feminicídio na capital. Uma das vítimas, Polyanna Moura, de 34 anos, era enfermeira e desenvolvia projetos de combate à violência contra a mulher.

Em referência aos 14 anos do marco legal de proteção às mulheres, órgãos públicos do DF também prepararam uma live – marcada para 16h desta sexta – e um webinário que vai até a próxima semana (veja programação mais abaixo).

Durante as manifestações desta sexta-feira, a presidente do instituto, Lúcia Erineta, que também já foi vítima de violência doméstica, se vestiu de mulher maravilha. O grupo de voluntárias que presta apoio a mulheres, carregava cartazes com dizeres como “Parem de nos matar”.

“Estamos aqui no dia do aniversário da Lei Maria da Penha, que ampara a vida das mulheres, para reivindicar a vida”, disse Lúcia Erineta.

Instituto 'Mulheres Feminicídio Não' realiza manifestação em Ceilândia, DF, em referência aos 14 anos da Lei Maria da Penha — Foto: Arquivo pessoal

Instituto ‘Mulheres Feminicídio Não’ realiza manifestação em Ceilândia, DF, em referência aos 14 anos da Lei Maria da Penha — Foto: Arquivo pessoal

O protesto também contou com a presença de integrantes do Instituto Viva Mulher – Direitos e Cidadania e de assessores da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Aumento das denúncias

De acordo com dados da Polícia Civil do DF, houve um aumento de 13% no número de flagrantes relacionados à Lei Maria da Penha no primeiro semestre de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho de 2020 foram 1.885 flagrantes. Em 2019, nos primeiros seis meses, foram 1.668.

Já os registros de ocorrência apresentaram uma redução, segundo a polícia. Entre janeiro e julho deste ano, foram 9.702 ocorrências. No ano passado, no mesmo período, foram 9.910 ocorrências (saiba abaixo como denunciar).

A delegada Sandra Gomes, que implementou a Lei Maria da Penha no DF, em 2007, afirma que o número de ocorrências “pode variar, porque às vezes a vítima demora um tempo para se sentir pronta para essa denúncia”.

Sandra afirma ainda que a Polícia Civil tem se empenhado em potencializar os meios disponíveis para a denúncia.

“Nós temos procurado aperfeiçoar o trabalho policial para que a gente ganhe a confiança das mulheres, e elas possam denunciar, porque, se não denunciam, nós não podemos ajudar”, diz a delegada.

Delegada Sandra Gomes, da Delegacia de Atendimento à Mulher no DF  — Foto: TV Globo/Reprodução

Delegada Sandra Gomes, da Delegacia de Atendimento à Mulher no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

A Polícia Civil diz que durante o isolamento social, a internet foi usada para facilitar o acesso das vítimas aos postos de atendimento e de denúncia. Por meio da Delegacia Eletrônica, mulheres que sofrem violência doméstica podem fazer o boletim e pedir medidas protetivas contra os agressores.

Desde março deste ano, foram registradas eletronicamente 299 ocorrências que resultaram na solicitação de 171 medidas protetivas de urgência.

Outra medida tomada foi a criação da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher II (DEAM II), em Ceilândia. Em dois meses a média de registros de ocorrência de violência é de duas por dia.

Programação

Em comemoração ao aniversário da Lei Maria da Penha, a Secretaria de Segurança Pública realiza nesta sexta-feira (7), às 16h, uma live com a participação de representantes das polícia Civil e Militar e do Tribunal de Justiça do DF para falar sobre as medidas de prevenção contra a violência e os diretos da mulher vítima de agressões. A transmissão será por meio das redes sociais da SSP .

A Secretaria de Estado da Mulher preparou também um webinário que se estende até a próxima sexta-feira (14), com palestras temáticas transmitidas diariamente no canal no Youtube da pasta. Veja a programação completa abaixo:

Programação do webinário da Secretaria de Estado da Mulher para o aniversário da Lei Maria da Penha  — Foto: Secretaria da Mulher/Divulgação

Programação do webinário da Secretaria de Estado da Mulher para o aniversário da Lei Maria da Penha — Foto: Secretaria da Mulher/Divulgação

Como denunciar violência contra mulher?

A violência contra a mulher pode ser denunciada na internet, por meio do site da Delegacia Eletrônica da Polícia Civil, usando o computador, smartphone ou tablet. As opções violência doméstica e pedido de medida protetiva, estão disponíveis na aba “outros crimes”, que foi criada para ampliar o atendimento no portal.

No caso do registro online, a ocorrência é encaminhada para a área responsável pela apuração, que poderá entrar em contato – via telefone ou mesmo por WhatsApp, dependendo da gravidade da denúncia – para obter mais informações do crime.

Também é possível fazer o registro da violência por meio do telefone 197, na opção 3. Na ligação telefônica, a vítima é transferida para a delegacia mais próxima do endereço dela.

Outros canais de denúncia

O DF conta ainda com duas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (Deam). Uma na Asa Sul e outra em Ceilândia. Mas os casos de violência podem ser denunciados em qualquer delegacia.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) também recebe denúncias e acompanha os inquéritos policiais, auxiliando no pedido de medida protetiva na Justiça.

Em casos de flagrante, qualquer pessoa pode pedir o socorro da polícia, seja testemunha ou vítima.

Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam)

  • Endereço: EQS 204/205, Asa Sul
  • Telefones: (61) 3207-6195 e (61) 3207-6212

Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam II)

  • Endereço: NM 2, Conjunto G, Área Especial, Ceilândia Centro

Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)

  • Endereço: Eixo Monumental, Praça do Buriti, Lote 2, Sala 144
  • Telefones: (61) 3343-6086 e (61) 3343-9625

Prevenção Orientada à Violência Doméstica (Provid) da Polícia Militar

  • Telefone: 197 e (61) 3190-5291

Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal

  • Telefone: 180

Plantão da Polícia Militar

  • Telefone: 190

‘Sinal Vermelho’: ajuda em farmácias do DF

Campanha Sinal Vermelho  — Foto: TV Globo/ Reprodução

Campanha Sinal Vermelho — Foto: TV Globo/ Reprodução

Mulheres vítimas de violência doméstica também podem pedir ajuda em farmácias da capital federal. A medida vale para estabelecimentos cadastrados na campanha “Sinal Vermelho“. Ao todo 10 mil estabelecimentos cadastrados na campanha em todo país

O objetivo, segundo os organizadores, “é incentivar as vítimas a denunciarem os abusos por meio do desenho de um ‘X’ na palma da mão”. No DF, existem cerca de 1,2 mil farmácias registradas, segundo o Conselho Regional de Farmácia (CRF-DF). Veja abaixo as redes credenciadas até esta sexta (7):

  1. Drogasil
  2. Drogarias Pacheco
  3. Drogarias Rosário
  4. Farmácias Pague Menos

Lei obriga condomínios a denunciar casos de violência

Lei Nº 6539 que obrigada condomínios a denunciarem violência doméstica no DF — Foto: Diário Oficial do DF/Reprodução

Lei Nº 6539 que obrigada condomínios a denunciarem violência doméstica no DF — Foto: Diário Oficial do DF/Reprodução

Outra inciativa que também pode ajudar as vítimas é a lei que obriga os condomínios a denunciar situações de violência doméstica e familiar contra mulher, criança, adolescente ou idoso.

Lei Nº 6539, que foi sancionada em março, pelo governador do DF Ibaneis Rocha (MDB), prevê penalidades em caso do descumprimento por parte dos condomínios, entre elas:

  • Advertência, quando da primeira autuação da infração;
  • Multa, a partir da segunda autuação.

A multa prevista vai de R$ 500 até R$ 10 mil “a depender das circunstâncias da infração”. Os recursos serão revertidos para fundos e programas de proteção aos direitos da mulher, da criança, do adolescente ou do idoso.

Leia outras notícias da região no G1 DF.

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