Iohan Struck, ex-subsecretário de saúde do DF se entrega após quase um mês foragido

Iohan Struck, ex-subsecretário de saúde do DF se entrega após quase um mês foragido

Por Afonso Ferreira e Rita Yoshimine, G1 DF e TV Globo


Subsecretário afastado de Administração Geral da Secretaria de Saúde do DF, Iohan Andrade Struck — Foto: TV Globo/Reprodução

Subsecretário afastado de Administração Geral da Secretaria de Saúde do DF, Iohan Andrade Struck — Foto: TV Globo/Reprodução

O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) informou, nesta terça-feira (22), que o ex-subsecretário de Administração Geral da Secretaria de Saúde do DF, Iohan Andrade Struck, se entregou. Acusado de participar de suposto esquema de fraudes na compra de testes para Covid-19, ele era considerado foragido.

O MP procurava Iohan desde 25 de agosto, quando foi deflagrada a segunda fase da operação Falso Negativo (entenda abaixo). Os procuradores chegaram a pedir à Polícia Federal a inclusão do nome do ex-gestor público na lista vermelha da Interpol, que inclui os criminosos mais procurados do mundo.

A defesa de Iohan Struck afirmou que “os crimes que estão sendo imputados a Iohan não correspondem a verdade”. O advogado Alexandre Adjafre, disse que “não há o que se falar em organização criminosa”.

“Grupo de Whatsapp dentro da Secretaria de Saúde, dentro de qualquer órgão é super comum, quando você precisa. Principalmente pra imprimir celeridade para poder atingir a demanda que a sociedade brasiliense precisava”, disse o advogado.

Conversas por telefone fazem parte da investigação do Ministério Público. Em algumas delas, Iohan tenta combinar estratégias de defesa com outros envolvidos, segundo o MP (saiba mais abaixo).

Em gravação, Iohan disse que estava "preocupado" com investigações

Em gravação, Iohan disse que estava “preocupado” com investigações

Em outra mensagem (ouça acima), Iohan disse que estava “preocupado” com a possibilidade das investigações atingirem sua esposa, Larissa Ferraz Struck. Ele conversou sobre o tema com Eduardo Pojo, duas semanas após as primeiras buscas e apreensões.

À época, Larissa atuava na chefia do Núcleo de Compras do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF). Ela estava à frente da aquisição de testes para coronavírus para as unidades administradas pela organização: Hospital de Base, Hospital Regional de Santa Maria e Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s).

Enquanto isso, Iohan era apontado como suspeito de irregularidades na compra dos testes para o restante da rede pública. Após as acusações contra o marido, Larissa foi demitida do cargo.

Papuda

Ex-subsecretário de Saúde do DF se entrega no MPDFT depois de quase um mês foragido

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No começo da noite de terça, Iohan Struck foi para o Instituto de Medicina Legal (IML) fazer exames. Ele vai dormir na carceragem da Polícia Civil, no Departamento de Polícia Especializada (DPE).

A previsão é que o ex-subsecretário siga para o Complexo Penitenciário da Papuda, nesta quarta-feira (23). Com a apresentação de Struck, os sete alvos da Operação Falso Negativo tiveram os mandados de prisão cumpridos. Eduardo Hage Carmo, que chefiava a Vigilância em Saúde foi o único a conseguir liberdade provisória.

Outros seis gestores continuam detidos, entre eles o ex-secretário de Saúde Francisco Araújo. Os presos são:

  1. Francisco Araújo: então secretário de Saúde do DF; permanece preso
  2. Ricardo Tavares Mendes: ex-secretário adjunto de Assistência à Saúde do DF
  3. Eduardo Seara Machado Pojo do Rego: ex-secretário adjunto de Gestão em Saúde do DF
  4. Iohan Andrade Struck: então subsecretário de Administração Geral da SES-DF
  5. Jorge Antônio Chamon Júnior: então diretor do Laboratório Central do DF;
  6. Ramon Santana Lopes Azevedo: então assessor especial da SES-DF

Operação Falso Negativo

A operação Falso Negativo investiga supostas irregularidades em dois contratos para a compra de testes para detecção da Covid-19. Segundo o MP, o grupo é suspeito de integrar uma organização criminosa que direcionou e superfaturou a compra de testes.

Os investigadores afirmam que, nos dois contratos analisados, foi identificado superfaturamento. Ao todo, o prejuízo estimado é de R$ 18 milhões. Os crimes apontados na denúncia do MP são os seguintes:

  • Fraude à licitação
  • Lavagem de dinheiro
  • Organização criminosa
  • Corrupção ativa e passiva

Segundo o Ministério Público, “o caso ainda pode ser caracterizado como cartel”. Os gestores negam irregularidades nos processos de compra.

Investigados tentaram combinar defesa

Investigados na operação Falso Negativo tentam combinar versão de defesa

Investigados na operação Falso Negativo tentam combinar versão de defesa

Áudios obtidos pelo Ministério Público mostraram que os investigados tentaram combinar estratégias de defesa contra as acusações. Em uma das conversas, Iohan Struck fala sobre possíveis consequências da primeira fase da operação, na qual foi um dos alvos.

Ele trocava mensagens com o secretário adjunto de Gestão em Saúde, Eduardo Pojo, que demonstrou preocupação (ouça áudio acima).

“Não sei o que a gente vai falar certinho, mas, enfim, eu quero tá preparado, entendeu?”, disse Pojo em um trecho da conversa.

G1 em 1 Minuto Distrito Federal

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